Isto fez-me lembrar uma trip de LSD que tive nos saudosos anos 70.
Foi em 1973 salvo erro. Tudo á minha volta parecia transformar-se em gelatina de ananás - limão e sentia-me envolvido naquela gosma de aroma agridoce.
Depois apareceu um cão chamado Walter a ladrar com sotaque transmontano e foi isso que realmente me assustou. Fez-me lembrar a minha professora de geometria descritiva lá da coisa onde andei a estudar.
Foi ai que me passei e atirei da varanda da minha penthouse em new york. Ahh a cidade. A vida de devaneio... as gaijas fáceis e a cerveja a dois dólares… Depois acabei por ficar esparramado como gelatina quando cheguei ao chão. Eventualmente morri e vim a reencarnar em 1979. E a partir dai LSD nunca mais!
Olé minhas porcas do costume! Sabeis duma coisa que me anda a moer a moleirinha? Sabeis o que me tem assaltado o meu muy puro espírito de porco?
“Serei parolo e ignorante?”
E sempre que me assalta a questão, passados escassos nanossegundos vem a resposta lá do fundo. Do fundinho mesmo vem uma voz esganiçada, manhosa que me sussurra á orelha cerosa com um risinho nervoso e abafado.
“Sim, és um autêntico parolo e uma enorme cavalgadura ignorante”
E eu penso logo “bem, ao menos não sou um pequeno pónei.”
Depois, com a resposta a apaziguar-me a alma, deambulo por ai até me tornar a esquecer da resposta que obtive da coisa que salta no meu inconsciente e torno a fazer outra vez a questão. O que é um bocado chato.
Mas, dizeis-me vós entediados, que estais a ler estas palavras pixelizadas de enorme sapiência cavalar, enquanto enfardam um pacote de batatas fritas de presunto “Á pois és! E se calhar devias estar internado ali no Conde Ferreira.”
E eu, com toda a tranquilidade dum caniche anão digo-vos isto. Ide apanhar no esfíncter.
Estais a ver como vos quero bem e desejo-vos tudo o que vós mais quereis?
O que não sabeis é que provavelmente, vós também o sois. Grandes parolos ignorantes.
Ou não.
Fica ao vosso critério, mas antes lede isto e digam se não tenho razão.
Mas antes de mais, não confundir parolos ou ignorantes com grunhos. Isso do grunhismo já é uma conversa completamente diferente e exige uma reflexão á parte.
Mas vamos ao que interessa.
Estai vós, todos pimpões a dar uma de intelectuais de retrete, a ler o vosso livrinho preferido no trono da reflexão e decidis ir ao arraial lá da terrinha comprar pães com chouriço, churros e farturas.
Eu cá gosto disso.
Mas chegando ao adro da igreja, perante tamanhos espécimes que por lá deambulam, com cabelos á jogador da bola, calça pica-na-cuéca a puxar a fruta para cima até ficar roxa e terço ao pescoço sem saber rezar um pai-nosso pelas almas do purgatório, se calhar ides vós dizer que aquilo é um bando de parolos, uma concentração da mais pura fina flor do parolismo nacional e quiçá internacional.
Ai é que vos enganais meus putões. Ai é que estais redondamente enganados.
Os parolos sois vós.
Temos que ter em consideração uma coisa. Quando estamos em minoria, somos os esquisitos.
Sempre.
E não vale a pena virem ladrar á minha orelha, a lançar esse bafo de bode para cima de mim com teorias sobre estética ou o carailho que não adianta. Isso é tudo paleio.
Prontas, num ligueis e vamos lá continuar o raciocínio terrivelmente interessante que estava a debitar para vós, minhas parrécas gordas. Foi engano de certeza.
Da mesma forma temos a questão da ignorância. Não adianta um gajo armar-se em adiantado mental ou que tem uma vasta cultura geral. Alem do mais nunca soube o que é isso da cultura geral.
Parece-me muito vago. Faz-me lembrar aqueles tipos que só lêem os cabeçalhos das notícias no jornal e depois, fazem o filme todo na cabeça sem precisar de ler o resto.
No final, sai só um retalho de chavões e de frases feitas para brilhar, mas sem saber ao certo do que estão a falar.
Da mesma forma que a especialização.
Já diziam que a especialização é para os insectos, mas eu sinto-me um parolo ignorante á beira daqueles tipos que sabem os nomes dos guarda-redes da bola da época de 87-88 e são capazes de passar horas a dissertar um penalty que se passou á cinco anos atrás.
Mas como podeis constatar, não tenho assunto para estes espécimes de alto gabarito em matérias que não domino e perto deles sou, e provavelmente vós também sois, umas enormidades, umas autenticas personificações encarnadas da ignorância. Ou não.
Origanogramas que correm como loucos por entre paredes entrincheiradas de betão canelado como pacotes de intermináveis açucares amarelados, não propriamente besuntados de fragrâncias demonstrativas de apreço ou significado onirico, substantivados com realidades exaltativas recorrentes de organizações apoiadas em desequilíbrios geométricos dissecados dum construtivismo que deu que falar mas depois pouco fez, levou a disturbios de caracter psicossomáticos tais que seria praticamente impossível de correlacionar os substantivos corrosivos de panelas e paneleiros saltitões como coelhos felpudos, quiçá peluches carregados de ácaros e outros animais praticamente microscópicos devoradores de pele humana e ainda por cima depois de defecarem toneladas microscópicas de excrementos, vulgo merda, depositam os ovos para deles nascerem os morcões que fodem isto tudo que não vemos, morcões agarrados ao que mais interessa mas sendo morcões não são necessariamente parvos já que saber mamar sabem eles mas querem é pele viva e nada de porcarias carregadas de incongruências desvios ou defeitos esquisitos e desprovidos de uma perfeição platónica ou “socrástica” por assim dizer.