A aplicação teórica de assuntos práticos e relativos á questão do ser adjudicado à alma do animal que nasce dentro de todos nós.
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sexta-feira, abril 27, 2007
Baaaaaah
Foi tudo pó carailho! Tuuuuuudoooooooo!!!!!
Aquilo tava uma salgalhada medonha.
Tou com umas ideias mesmo ordinárias, mas tem de sair com naturalidade.
Até já, e esperem mais badalhoquisses pseudo-literárias para breve.
Entretanto espanquem o macaco enquanto esperam, ou visitem os links do fim da página.
quinta-feira, abril 19, 2007
Barragens, Madeira e Dentuças.
"Fui atacado outro dia por um grupo de castores felpudos que me puseram em cheque mate".
Esta foi a ultima vez que alguém ouviu o chefe dos escuteiros falar enquanto pessoa presumivelmente normal. Logo após este desabafo que mais parecia um chimfrim danado, começou-lhe a crescer junto ao cóccix um apêndice longo e achatado.
Tentou durante alguns dias esconder tão embaraçoso acréscimo, metendo-o por entre as pernas, que lhe enchia as calças com um chumaço de ângulos obtusos.
De nada lhe valeu quando desesperado gastou diariamente dois litros de cera depilatória para tentar arrancar a camada felpuda que lhe estava a cobrir o corpo, como um comprido sobretudo.
Tinha medo da súbita obsessão por madeira e represas, desejos que o assaltavam sempre que via uma peça de mobiliário ou o mais simples calhau que desviava um rego.
Mas todos repararam como o chefe dos escuteiros andava deveras esquisito. Um chumaço estranho. Pêlo por todo lado. Aparenta estar com um problema hormonal.
O chefe dos escuteiros, é mulher e todos julgam que está a tomar hormonas.
Mas não.
Todos viram que não, no dia em que na sede, o chefe dos escuteiros foi atacado por achaques que o levaram ao ultimo estágio da sua transformação. Cresceram-lhe umas dentuças aduncas, e no momento em que sai do estupor psicadélico que tornou este momento de crescimento dentuçal num frenético show de berreiros e gritaria, arranca a roupa, salta-lhe a cauda achatada que lhe dava o suspeito chumaço, mostra a fantástica estola peluda que tem e num só movimento tritura uma cadeira.
A partir desse dia, o chefe dos escuteiros foi colocado á margem.
Teve de fugir.
Actualmente é visto nos recônditos rios do interior de Portugal, onde se dedica a fabricar castiçais e pipas para bagaço.
Aquilo rende pouco.
segunda-feira, abril 16, 2007
O Trolha (versão delux)
A boina quadriculada tapa a juba farfalhuda do magricela, sequinho como um pau de virar tripas, de barba por fazer, acinzentada não pela idade mas pelo cimento acumulado nas raízes capilares sequiosas pela constante falta dos banhos semanais.
Arreganha os dentes.
Sintoma.
Com as mãos calejadas como cascos de burro, abre a carcela e saca a pila badalhoca, besuntada para fora.
O jacto amarelo da mija que o Cenoura manda alegremente com o sorriso sarcástico de um grande filho da puta, mistura-se com a pouca água que está no centro dum monte cónico de cimento e areia, formando milhares de bolhinhas de ar com um som caracteristico.
O cenoura é trolha.
Dos piores.
Decidido por artes negras a lixar sempre que pode toda a gente que conhece e não conhece, desta vez, graças aos santos anjinhos dos céus, foi só uma mija mandada para o cimento que irá servir de reboco para as paredes da suite, que tem andado a construir durante anos com sucessivos atrasos oportunos, na casa do padre da freguesia.
Uma sorte mesmo, já que no outro dia, quando acabou de escavar um poço, serviço mandado fazer pelo padre para fornecer o infantário, o lar de idosos, e os bombeiros voluntários, no fim de escavar o buraco e de o calçar com argolas de betão, aninhou-se sorrateiramente no fundo onde já corria um grande fio de água, segurou nos tomates descaídos para não roçarem no chão, e com todo o entusiasmo fez questão de defecar um gigantesco cagalhão bem no centro do charco, junto á bomba de água.
Uma atitude generosa da parte dele foi também quando decidiu tomar a guarda duma prima mongolóide que foi descoberta, escondida pelos pais de origem bruta e ignorante, que a fecharam até aos quinze anos numa pocilga imunda cheio de caca de suíno.
Apesar de tudo, a prima mongolóide do Cenoura até sabia falar mais ou menos.
“Úéu úm cúéro muilhoooo!”, é um exemplo do que ela é capaz de dizer enquanto manda milhões de grossos perdigotos expelidos por entre os dentes assustadoramente tortos com uma pressão titânica.
Contraste brilhante que condiz bem com as mucosas nasais sempre recheadas de monco amarelo reluzente, autentica fábrica de creme para eclaires e bolas de Berlim.
Mas, o Cenoura como filho da puta badalhoco que é, alem de cretino tem olho para o negócio.
Começou por meter a prima a trabalhar numa pastelaria a rechear bolos, já que a Sãozinha é muito boa a fazer serviços repetitivos. Mas o constante apetite, a javarda sofreguidão com que comia mais bolos do que os que recheava levou praticamente a pastelaria á falência.
Alem do mais, as pessoas começaram a suspeitar da origem do creme nos pastéis. A imagem da Sãozinha a debitar uma torrente contínua de monco espesso como leite condensado, coisa melada que várias vezes lhe chega á boca beiçuda quando consegue atravessar o espesso buço preto, esta coisa de origem ranhosa era imediatamente limpa com um dinâmico movimento de língua.
Aquilo retirava o apetite ao maior dos glutões bulimicos.
Mas o Cenoura tinha que por a prima a render, porque aquilo de ter que lhe dar de comer a ração duas vezes por dia era só prejuízo. Mais valia alimentar burros a pão-de-ló.
Trolha badalhoco.
Ensinou a criatura a fazer gulosos. “Ai gostas de usar a boca, atão vais ter muito que fazer”
Ao princípio foi algo complicado explicar á Sãozinha que a picha não era nem um eclair daqueles que ela tanto gosta de morder nem uma chouriça para assar no bagaço. Não foi fácil não, mas ao fim de algumas semanas, tornou a Sãozinha numa verdadeira máquina de chupar pilas.
Aquilo foi um verdadeiro sucesso. O facto de estar constantemente a babar-se associado ao monco amarelo, por vezes em raros dias verde, escorrer para a boca e por consequência para a pixa do sortudo cliente, torna a experiência segundo os frequentadores, em algo unico.
Alem do mais, como bónus, a Sãozinha costuma grunhir instintivamente, reminiscências da sua família adoptiva até aos quinze anos.
Ela gosta imenso disso. Até porque segundo consta, o pessoal mongolóide é muito apto para fazer tarefas repetitivas e com uma enorme eficácia. Ninguém lhes chega aos calcanhares e a Sãozinha, a prima mongolóide do trolha, que leva agora isto muito a sério, é um exemplar único de competência.
O Cenoura está a acabar a mija que manda alegremente para o cimento.
Abana a pila.
De repente apetece-lhe bater uma punheta.
Como gosta de coisas arriscadas, decide sair da obra e entrar na igreja que esta logo ao pé. Entra pé ante pé e sorrateiro mete-se no confessionário, uma pequena caixa em madeira com um banquinho lá dentro e umas cortininhas beijes.
Como se vê mal lá dentro, rouba umas velas do altar e acende-a.
Senta-se, retira uma foto do George Micheal e outra do Boy George do bolso das calças e começa alegremente a bombar.
Entretanto, o padre que anda a deambular pela sacristia, lembra-se que é melhor fechar a cabine do confessionário, já que ainda outro dia apanhou a sobrinha adolescente a entalar a pila do sacristão de setenta anos, consumidor assíduo de comprimidos azuis e pau de Cabinda.
O padre repara na luz das velas.
Decidido a não olhar lá para dentro com receio de encontrar outra coisa dantesca, decide rapidamente fechar quem quer que lá dentro estivesse. Até que aproveite para rezar um bocado nesta noite que vai passar dentro do confessionário.
Fecha, portanto, o trolha lá dentro.
Ele nem deu por ela, já que estava completamente concentrado na foto do Boy George iluminada pela vela.
Começa a ficar com um sorriso fanático na cara, incham-lhe as têmporas, trinca a língua e manda para a foto do Boy George, acertando-lhe em cheio no chapéu paneleirento que tem enterrado na cabeça. A seguir pega na foto do George Micheal e esfrega-a frente a frente com a outra.
“Lambam filhus da pouta lambam!!”
Guarda as fotos assim coladas no bolso das calças. Guarda a pila peganhenta e cheia de pó de cimento. Levanta-se e tenta sair.
Merda está fechada! Que fazer? Abana a porta, e com um gesto faz com que a vela caia e incendeie uma cortinazinha beije que separa o confessionário da zona dos fieis.
Desta vez, não há santo que valha ao Cenoura. Arrisca-se a ficar crispadinho e crocante.
A Sãozinha, alegremente saltitona, leva no braço gorducho e peludo um cestinho de vime com o almoço do primo explorador. Garrafa de tinto carrascão pintador de línguas e entranhas, um queijo da serra, chouriça para assar, bagaço e broa.
Vai á obra inundada pelo cheiro a mija com cimento, mas não encontra o trolha. Decide procurar o Cenoura nas imediações.
De repente ouve uns berros vindos da igreja.
Aproxima-se e reconhece a voz do primo que hurra em desespero dentro do confessionário em chamas.
“AAAhhaaAAA Aquiééélrééééii”
Tomada por um instinto heroicamente protector, a Sãozinha larga o cesto de vime e desata a correr, a correr loucamente desesperada para acudir o primo que tão bem a trata.
Corre na direcção da tasca e enquanto o trolha vai churrascando o coiro, a Sãozinha entra de rompante no estabelecimento badalhoco.
“Úauem os UomUeiros Úauem os UomUeiros!!” grita ela vestida apenas com uma t-shirt que mal lhe tapa as carnes gordurosas e ondulantes, detalhe muito pouco notado pelos clientes, já que ela não leva qualquer tipo de vestimenta da cinta para baixo, coisa que perdeu durante a corrida até ao tasco por falta de cinto que conseguisse abraçar aquela cintura.
Se súbito, os bombeiros voluntários da terriola que estavam no tasco entram pela igreja dentro, apagam o fogo com a água milagrosa vinda do poço onde o trolha defecou, que curiosamente também era usada nas pequenas malgas que estão á entrada da igreja, e tiram o Cenoura chamuscado lá de dentro.
Entretanto chega uma ambulância, mas o cabrão não quer ir para o hospital. Diz que é coisa de panilhas isso de apanhar no esfíncter com supositórios e de ter enfermeiros a dar banhos de esponja. Mas os bombeiros meteram-lhe uma camisa-de-forças e deitam-no na maca.
O trolha, num movimento brusco apanha o dedo polegar dum bombeiro com a boca e dá-lhe uma trinca.
“AAAAaaaaaa Cabrão do caralho!!!!”
Os bombeiros metem o filho da puta na ambulância, entram todos lá para dentro, fecham as portas e desatam a esmurrar o trolha.
Depois de lhe arriar uma alarvante sova ainda por cima do lombo churrascado no confessionário infernal, decidem levar o cretino ao hospital para ser tratado.
Lá, um médico reconhece-o com mais um grupo de enfermeiros tomados pela raiva vingativa.
“Olha-me este filhadaputa que me mijou no cimento lá de casa e agora é um puto dum bedume de bradar aos céus!”
As pilantrices feitas no passado pelo trolha levaram a que apanhasse outra colectânea da melhor porrada que se pode alombar numa enfermaria deserta de olhares bufões.
Meses depois, em casa, na convalescença, deitado de rabo para o ar, a Sãozinha passa-lhe um creme miraculoso nas costas crocantes.
Na mesa-de-cabeceira, duas fotografias continuam coladas, peganhentamente unidas para sempre, em lembrança do que se passou naquele fatídico dia.
Mijar no cimento nunca mais pensa o trolha, e cagar nos poços jamais.
Como um homem renovado, qual fénix renascido das cinzas, o Cenoura vai tomando um refresco de mentol, enquanto o bálsamo amarelo que a prima mongolóide lhe espalha nas costas vai aos poucos, milagrosamente cicatrizar-lhe as mágoas dum passado badalhoco.
quinta-feira, abril 05, 2007
terça-feira, abril 03, 2007
O Intelectual de Retrete, versão obscura. (teste)
Á muitos anos atrás, durante a fria guerra fria, existiu um homem que poderia ter tornado o mundo diferente, mas não.
Arrebatado por uma sede insustentável de saber e uma espécie de hiperactividade que não o deixava concentrar, nunca conseguiu acabar de ler um jornal, um livro, ou o mais pequeno texto que fosse. Esta sua obsessão levou-o a criar na mente uma manta de retalhos de ideias fragmentadas colhidas nas breves leituras que fazia, e precariamente cozidas á base de vodka pura.
Este homem, poderia ter sido alguém se não fosse o vício de estar sempre metido na casa de banho a fazer sabe-se lá o quê. Podia se não fosse a estúpida forretisse que se inclinava mais para a vodka do que para o papel letrado, se não fosse o conformismo confortável das ideias pré-concebidas e das tiras de jornal que estavam na casota da retrete para lhes poder limpar o rabo peludo no depois de ler o excerto esfarrapado.
Mas também, isto agora não interessa a ninguém.
O que interessa é que a partir do momento em que se fechou na casa da retrete, depois de arrotar vodka á quinze dias, de lá nunca mais saiu.
Não vê o mundo a partir de sombras, como o outro.
Vê-o a partir de tiras.
O que lhe vale é o constante fornecimento do papel rasgado trazido por caridade, para o poder ler e a partir dai tirar as suas próprias conclusões do mundo que o rodeia.
Não vê nada porque não quer.
A partir de certa altura, começou a falar sem parar.
Quem á porta passava, ouvia uma voz que as confortava do mundo cinzento e de medo em que viviam, chegavam ideias fáceis de digerir, desfragmentadoras de remorços pessoais, apontadas a alvos fáceis de abater, conceptuais, inexistentes. São como fantasmas criados numa retrete que não passam dali, mas no momento em que iniciou o processo de vómito produto de uma overdose de informações quebradas, a falar sem parar, tornou-se numa espécie de guru para meia dizia de almas perdidas, sem rumo.
Não se cala nem sai de lá.
Por sorte não saiu de lá.
Em baixo existe outra versão do intelectual de retrete. Se tiverdes pachorra para ler, leiam e digam qual é a que gostam mais.
segunda-feira, abril 02, 2007
Teaser de "O Intelectual de Retrete"
Durante vários anos, Randolfo, sedento por literatura e conhecimento para assunto de engate fácil, agarrava-se a tudo o que podia apanhar na decrépita casa de banho que existia no rés-do-chão do prédio de onde vivia. Uma retrete um lavatório e um prego na parede com recortes de jornal era o que servia mais de sessenta famílias cagonas, devoradoras de quilos de feijões e toucinho, arrebatando longas filas de espera para quem nada pode fazer senão esperar a sua vez de viver um momento de alívio intestinal.
Como uma fera que desata a correr pela savana inundada de antílopes fodilhões, Randolfo, o intelectual de retrete, corre desesperado para o cubículo da concórdia. Tem de se por bem com a vida neste momento.
Abre a porta de rompante. Um bafo húmido e quente vindo do interior bolorento entra-lhe pela boca dentro, semelhante a algodão doce sabor a merda fermentada, sebadouro rivalizante da fossa de quinta Vimaranense. Lá dentro um puto agarrado á pila tenta descobrir porque é que a coisa ficou dura quando viu a irmã a entalar a pila gorda do primo labrego entre as pernas.
Randolfo compreende que é uma revelação importante para a criança de oito anos, mas não pode esperar. Pega-lhe numa orelha e enxota-o. Diz-lhe numa voz aflita e ressabiada que continue a pesquisa no vão das escadas. E que esfregue com mais sofreguidão, porque agora ele tem necessidades de cariz intelectual.
Senta-se no trono...
continua...
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