Arrancado aos demais devaneios, Raquítico, nome posto por colegas de carácter duvidoso, chega a casa sempre tarde depois do lanche.
Que há-de ele fazer se nem meia dúzia de tostões tem para poder mandar a velhota rançosa, puta vigarista, da padaria da esquina barrar um naco de manteiga num pão de anteontem?
Talvez decida que esta vida não é para ele e dedique-se a questões de cariz eclesiástico.
Talvez um convento de santas freiras será o mais indicado para ele, e para a sua pressão testicular, mas com a maré de sorte que anda, e andou toda vida, ainda calha num mosteiro de parca santidade e preferências rectais.
"Agarra-te á pila e pede perdão. Pede perdão pelos teus pecados, velho gordo, velho rombudo. Velho tonel de vinho que nem sabe para onde rolar. Nem sabe para onde virar.
Mas se for necessário, porque não poderá ele achar as achas da fogueira e atear-lhes fogo? "
Porque não.
É frio e feio,
é frio e feio.
É.
Adianta muito sentar-se no banco do jardim. O sol já não brilha para todos meu menino. Isso sabe, isso foi nos anos oitenta, belos anos de vacas gordas e putas de conas fartas.
Anda agora, pelas ruas a deambular. A abanar a cabeça e os testículos num ritmo adequado ás novas normativas da função obrigatória.
Ou fazes ou levas.
Ou fazes, ou levas.
Se dizes apanhas.
Apanhas.
Na boca.
A aplicação teórica de assuntos práticos e relativos á questão do ser adjudicado à alma do animal que nasce dentro de todos nós.
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1 comentário:
Olha que bonita merda... És um poeta, um visionário! És sim senhor.
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