A aplicação teórica de assuntos práticos e relativos á questão do ser adjudicado à alma do animal que nasce dentro de todos nós.

domingo, março 09, 2008

Louvadeus.

Eventualmente a parede treme e a fissura aumenta.

Detestado por mais de trinta mil imbecis, roubado ás ternuras da sua mãe e dado aos cães da sarna regada de requintes eclesiásticos, Rombudo, gordo dissidente, abade de priscos e consumidor de coca, decide deixar para todo sempre a vida esquisita que levava fechado no raquítico quarto / cela lá da pensão rasqueira que julgava ele ser um santo mosteiro de santas almas. Inocente e pouco perspicas, Rombudo decidiu tornar-se um monge beneditino aquando uma torrente de drogas alucinogenicas lhe tolheram o cérebro e se fechou no armário das vassouras da tasca no meio da serra dos penedos musguentos.

Aquilo tornou-se numa revelação para o banhoso rebelde, requintado ser dedicado á reflexção teórica sobre as várias diarreias que defecam os transeuntes das grandes cidades através dos escuros túneis do metro.


Numa história por ele conhecida, ou talvez por ele sonhada, mas muito provavelmente alucinada aquando deglutiu aquele pedaço de pão bolorento, vislumbrou a alegoria perfeita de toda natureza.





A mulher louvadeus.




Depois de trinta horas por dia a trabalhar na estiva, a carregar com o lombo suado toneladas de caixotas de contrabando oriental, o que o estivador menos esperava ver, era encontrar a mulher mamalhuda a foder como gente grande no seu lindo colchão anatómico e com reforço lombar. A esmifrar uma gaita gorda, de pernil bem arreganhado e com os calcanhares engatados nas barras da cabeceira da cama do demónio.

Mas viu.

Chata, a mulher que lhe suga todo sangue suado naquela estiva estúpida, que lhe castra as ideias e o futuro como urologista, chata que lhe derrete cada tostão que ganha, que lhe derrete a paciência e o bom senso, anda agora, a chata a estuporar-lhe o colchão anatómico enriquecido de fibras naturais. Puta.

Tal qual um louvadeus gaija come a cabeça do macho no final da cópula, também a mulher que andava a estragar o colchão teve o mesmo destino.

Horrorizado com tal cenário dantesco, o estivador atira-se como um gato selvagem para cima da cama, apanha o amante por trás, engata os braços pelos cotovelos nos sovacos do tratante que estava a fecundar a sua fêmea borrada e num só gesto, finca os dentes afiados na jugular e ferra com toda força. Enquanto o fodinhas manda um esguicho fecundo para a porca que está a estragar o colchão, arreguila os olhos com um berro, prenuncio da morte eminente pelo jorrar jugular de sangue.

Aos berros histéricos a mulher não consegue desprender os pés das barras da cabeceira da cama. Entretanto, o estivador, o nosso herói que tanto suou para ter aquele colchãozinho, mete a mão debaixo da cama e saca de lá uma catana.

A golpe de catanada, tal como um talhante corta a carnuça com estocadas repetidas de cutelo, o estivador decepa a cachimola do tratante esporrador.

Pousa a catana, agarra na mulher e atira-a para dentro duma arca que por lá estava vazia. Com ela mete lá dentro a cabeça do parolo que a estava a comer.

Alegre e com um sorriso de satisfação nos lábios, o estivador fecha a arca, carrega-a para a doca da estiva e com uma empilhadora mete-a num contentor dum cargueiro para a Republica Popular da China.

Aninhada na arca, acompanhada com a cabeça do amante, a fome ataca-a.

Dá uma trinca numa orelha cerosa.

Soube-lhe bem. Soube-lhe a churrasco.

Depois das orelhas crocantes seguiu-se o resto da cabeça. Serviu-lhe de mantimento até ser descoberta em alto mar por um marinheiro que queria defecar ás escondidas.

Tornou-se na Mulher-Louvadeus.

E prontas minhas porcas, vós que andais a ler estas palavras de alto gabarito, tiveram o prazer de ver o nascimento de uma nova heroína. Se me der na telha, um dia escrevo esta historia assim mais detalhada e com muito mais requinte de selvajaria. E vai incluir a vingança da gaija também é claro.

Agora ide trabalhar meus lorpas!

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