A aplicação teórica de assuntos práticos e relativos á questão do ser adjudicado à alma do animal que nasce dentro de todos nós.

domingo, maio 13, 2007

nhéco-nhéééco NHÉÉCO nHéCO.

Olá chinchilas peludas que leem isto!

Sabem, andei a ler uns textos antigões aqui do blog. Encontrei um que gostei e transformei agora numa histórinha!! Ora leiam lá!

Se souberem ler, é claro. Bando de chinchilas rabetas analfabetas.

Situação peluda.

O som borbulhante das bolhas de ar a sair da água enche o espaço do quarto de banho revestido com azulejos verde alface cheios de gotas de vapor.

Metido sozinho na banheira de hidromassagem, um finório pilantra regala-se com um charuto que encontrou lá para uma das gavetas do sogro.

Com os olhos fechados e com a água até ao pescoço, vai dando grandes passas que lhe picam a língua com um paladar semelhante ao dum queijo seco da serra e lentamente deixa sair o fumo branco da boca que se mistura com o vapor da água quente.

Corre tudo bem.

Que mais pode querer? Está completamente estafado e chupadinho pela namorada que o espancou repetidamente sem dó nem piedade durante toda a manhã e tarde de Domingo. A ultima dose de energia que lhe restou após tamanha sessão de exorcismo para tirar o demónio do corpo da gaija, serviu-lhe para ir buscar um charuto e apesar de lhe faltar forcinha nos joelhos e ter a pila completamente inchada como uma beringela, lá consegue arrastando os pés, num derradeiro esforço para se meter na banheira de hidromassagem dos trutas.

Parece que depois de saber que os pais da gaija que anda a comer foram de férias sem dizer o dia de regresso, este finório anzoneiro não perde a oportunidade de se meter lá em casa para se desforrar de todos os meses que foi obrigado a andar a seco pelo receio de represálias por parte do pai da possuída pelo demo.

Corre tudo mesmo muito bem.

Lentamente, pouco a pouco, um aroma familiar entra-lhe pelas narinas.

Um cheiro suave e adocicado que se sobrepõe ao do tabaco vai ganhando forma e significado.

O tempo que os receptores olfactivos alojados na penca furona do artistóla levam a enviar a informação para os neurónios já fartinhos de nada fazer para a processarem, foi o ultimo momento de paz antes de sentir um terror abominavelmente peludo a dominar-lhe todo o corpo e que logo de seguida, faz disparar um suposto mecanismo de sobrevivência em que o cérebro produz á pressa, á moda do já-te-fodo, um filme autobiográfico.

No meio de tantas imagens e sensações inúteis que lhe percorrem a memória, de súbito o cheiro aparece lá incluído na parte do terror.

Do escuro surgem umas sobrancelhas pretas, terrivelmente peludas em cima duns olhos negros como carvão carregados de raiva que olham para ele de canto.

Depois surgem umas mãos grossas, calejadas e cabeludas. Uma segura um pano embebido com uma substância viscosa e a outra uns tubos negros e reluzentes. A mão que segura o pano percorre os tubos negros, puxa-lhes o lustro e deixa um aroma adocicado no ar.

Depois, tudo fica negro. Acabou a fita. Fim do filme.

A concepção que temos do tempo não serve nem interessa nada para perceber quanto passou desde o início da autobiografia de qualidade duvidosa até ao final. Talvez tenha passado um segundo, um minuto, uma qualquer fracção de tempo impossível de representar sem um número de décimas infinitas. Não existe qualquer intervalo de tempo entre o momento que entrou em pânico e o que lhe deu uma clareza de espírito que o poderá tirar desta situação peluda.

“Pensa rápido!! Pensa rápido!!”

Abre os olhos.

A quinze centímetros da ponta do nariz, uns tubos negros reluzentes, bem polidos pelo óleo de limpeza olham para si com a expressão apática que uma caçadeira carregada com dois zagalotes, capazes de estourar com um tronco dum pinheiro manso de quarenta anos, habitualmente teem. Mas por trás dos tubos aparecem uns olhos, estes também negros encimados por umas sobrancelhas farfalhudas, mas sem o olhar de apatia metálica da espingarda.

Ódio puro.

Depois de chegar de surpresa a casa, fudido como o caralho porque choveu a semana toda na estância turística onde estourou dois meses de ordenado, o papá vai pousar as malas ao quarto. Com uma telha de sete burros, vai subindo lentamente as escadas carregado com as putas das malas cheias que quinquilharia comprada nos shoppings e nas pseudo casas de artesanato.

Degrau a degrau vai grunhindo desabafos para tentar apaziguar a telha. “Puta de férias! Dinheiro mandado pá piça é o que é! Mais valia ter ido para Matosinhos apanhar com a espuma das descargas manhosas da refinaria!”

Alguns degraus mais acima começam a aparecer peças de roupa espalhada anarquicamente pelo chão.

Calças, camisa, camisolas. Não está a gostar. Não senhor. Não está mesmo nada.

Dirige-se para o quarto. Á porta reconhece as cuecas do picachú que comprou para a singela filhinha misturadas com umas cuecas rotas e foleironas que não reconhece.

Furioso, abre a porta entra no quarto e olha para a cama.

Deitada a dormir toda suada, besuntada, despenteada e escarrapachada está a sua virginal filhinha de vinte cinco anos, exausta e estourada de tanto foder.

O som vindo das bolhas da banheira de hidromassagem fazem-lhe arrebitar as orelhas.

Subitamente, as glândulas supra-renais expulsam a adrenalina que teem armazenada para estas ocasiões. Instintivamente, um ódio eufórico leva o papá á divisão da casa onde guarda a caçadeira. Lá vê algo que o arrelia ainda mais. Muito mais.

Até á loucura.

Espalhados á lavajão sobre a escrivaninha de carvalho francês estão os sagrados charutos Cohiba edição especial pessoalmente enrolados pelo Comandante. Apenas dez caixas existem em todo o mundo e esta numerada com o número Um e com dedicatória vale mais do que o orçamento de estado de Cuba.

Sobre uma pequena mesa de apoio está um estojo de couro. Abre-o, pega na coronha de madeira e nos canos negros bestialmente polidos. Com um clic, encaixa as peças. Numa pequena caixa de cartão que está pousada ao lado tira dois zagalotes de caça grossa.

Com uma raiva capaz de tirar a terra de orbita, avança a passos largos para o quarto de banho da sua suite. No meio do vapor vê o filho da puta que lhe fodeu os preciosos charutos a lambuzar-se com um de olhos fechados.

Levanta a caçadeira e encosta a coronha ao ombro. Faz mira para o espaço entre os olhos e com a raiva que o cega, pouco falta para estourar com o melão do gaijo.

“Pensa rápido!! Pensa rápido!!” O momento súbito de clareza só lhe dá uma hipótese para se safar desta.

Num ápice e sem pingo de vergonha, levanta-se todo nú da banheira e põe a mão com o precioso charuto entre os dedos pelas costas do sogro armado com a caçadeira. Preplexo este olha para ele.

O nosso anzoneiro, com um olhar de gozo e toda a segurança do mundo abre a boca e diz.

“Atão sogro? Cumééé? (sapatadinha nas costas) A tua filha é mesmo boa na cama!! Granda maluuuco! Diz-me lá!? Sai ao pai ao sai á mãe??

E pronto. Assim, fica para sempre selado um grande vínculo de relação genro – sogro, cunhado pelo humor e boa disposição demonstrado em situações de crise e embaraço.

Ou não.

4 comentários:

Anónimo disse...

Cuecas do picachu? Tri-foda-se!!! Isso é sexy!!! ahahahahah

Anónimo disse...

lol

já é a 2a x q venho pa comentar e me parto a rir cm os teus comentários maria ;)

tá altamente a história ;) mt fixe :)

Moura ao Luar disse...

Epa ainda tou a tentar perceber a relação entre o picachu e uma fodilhona de 25 anos

Má-Onda disse...

hehe a relaçao está na antitese da suposta inocencia do picachu com a assanhadez duma fodilhona.

Abraço.

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