A aplicação teórica de assuntos práticos e relativos á questão do ser adjudicado à alma do animal que nasce dentro de todos nós.

quinta-feira, junho 15, 2006

Pestaninha.

Estamos na praia. Está calor e é madrugada.


Hoje foi uma noite de horrores e revelações, protagonizada por um sujeito vulgar igual a tantos outros que vemos todos os dias a passar por nós de pasta na mão fato e gravata, de olhar preocupado comprometido pesado de remorsos.


Pestaninha dedicado, qual hobby mais viciante para os punheteiros aficionados, apreciadores de show de quéca ao vivo grátis e caseirinho sempre presentes nos veículos automóveis pelos quécódromos nacionais que proliferam por este Portugal fora.

“Filhodaputa! Podia abrir uma frinchinha do vidro para aquela merda desembaciar” murmura o pestaninha entre as palhas secas das dunas com a pila besuntada e cheia de areia fina na mão direita e os binóculos infrared na esquerda.

“Ainda por cima estes binóculos custaram-me uma pipa de massa!”

Determinado a acabar a sua punheta em grande estilo, o pestaninha enche-se de coragem e pé ante pé sempre com a pila meia murcha na mão aproxima-se do Skoda embaciado.

“Há raismapartam, se eu não vejo para dentro eles não vêem para fora! Encosto o meu ouvido á porta do carro e entretenho-me com os gritinhos. Pena não ter trazido o estetoscópio lá do consultório.”


O pestaninha, ginecologista de profissão, punheteiro por vocação, é dos que gosta de cheirar mas não de provar. Depois de tanta cona ver, azar da vida, medico predestinado a ver só as piores doenças, só lhe calhou uma enorme falta de tesão na hora de malhar. Mas a ver, isso nunca lhe faltava. Até porque conseguiu manter um casamento feliz durante quinze anos sem nunca ter tocado na mulher. Dois filhos do casal feliz, parecidos com o picheleiro que por lá andou em casa a mudar a canalização, aldrabão do caralho que estava constantemente a meter material barato para ser chamado com frequência. O pestaninha sabia e fazia questão de observar a sua esposa enquanto esganava o macaco sentadinho na pontinha dum banquinho de pau com os colhõezitos peludos ao dependuro a abanar enquanto a mão experiente executava com afinco a tarefa que melhor lhe foi ensinada.

Continuou sempre na plateia até a mulher se pirar com os filhos.

Bem, ele também já estava farto de ser sempre a mesma cona dia após dia, ano após ano. Ao fim e ao cabo foi ele que a mandou embora, quando lhe disse isso mas por outras palavras, palavras mais amenas e em português correcto, juntamente com os nomes técnicos em latim associados á formosa genitália feminina.

A partir daí soltou a franga e passou á caça grossa. Agora é um gaijo-á-solta. Um camionista do amor manual, qual vagabundo errante sempre na incessante busca do não-sei-o-quê.


Aninhado, com a orelha esquerda pressionada contra a porta verde do Skoda, o pestaninha esgalha como se não houvesse amanhã. Quer lá saber se a pila vai ficar toda inflamada com queimaduras de fricção e arranhadelas da areia. Aquilo de estar mesmo ao pé da cena dá-lhe uma sensação única de prazer quase contínuo.

Os grunhidos abafados e o abanar da suspensão são um extra nunca antes proporcionado, dando as ideias mais perversas que jamais teve. Coisa pouca, comparando com alguns que por ai andam.

Embriagado num estado de loucura e êxtase, pestaninha arrebita a gaita e espiche tudo o que tem em direcção do manípulo da porta do Skoda. Foi uma sensação semelhante ao de mandar para a boca duma gaija agradecida. Sentiu-se badalhoco mas extremamente realizado.

Deitado na areia, acende um Marlboro 100 e olhando para a imensidão do espaço pensa em como foi bom. Esquece-se é de se por a andar.

De repente a porta do Skoda abre e de lá de dentro sai um anão de circo. No habitáculo, ainda com o rabo extremamente peludo para o ar no banco rebatido do passageiro está um palhaço, um palhaço verdadeiro com aqueles grandes sapatos vermelhos, cabeleira esquisita, nariz batatudo vermelho, cara pintada e fato de macaco.

O anão sai de pila ao léu com o preservativo ainda posto, qual alheira gigantesca desproporcional aos seis noventa centímetros de altura que Deus lhe deu, bate a porta e avança para as dunas. Saca a borracha, atira-a para as ervas secas e começa a mijar enquanto murmura sons indecifráveis á distancia em que se encontra.

O pestaninha aterrorizado, a primeira coisa de que se lembra é meter-se debaixo do Skoda.

Horrorizado, de súbito tem um flash no pensamento.

Apercebe-se que…


Foi a sua primeira experiência gay.

E gostou.


Entretanto, o anão de circo regressa ao Skoda para mais um round no bezugo castigado do palhaço. Mete a mão pequenita ao manípulo da porta verde do Skoda e qual o seu espanto, encontra-o besuntado com algo familiar. Cheira e leva á boca. É esporra! Como raio é que isto foi ali parar? Olha para o chão e vê as marcas na areia. Olha para baixo do Skoda, acende o zippo cromado e qual o seu espanto vê uma cara conhecida.

“Amor!!!” berra o anão de circo “O teu paizinho está cá fora debaixo do carro!”

Nota final.

“Fodasse, mas que raio de história é esta? Ginecologistas, palhaços e anões de circo?” grunhem vocês meus badalhocos enquanto devoram um pacote de cheetos e arrotam para o ar. “Onde está o conteúdo desta merda? Que final parvo é este sem sentido?!”

Páh, o que eu vos digo, é o seguinte. Desde quando é que a vida real tem histórias com sentido e desfechos lógicos? Ããã? Digam-me lá agora, meus palermas devoradores de cheetos! Estas historias estão sempre a acontecer!

E principalmente com anões de circo.

Paz.

1 comentário:

Anónimo disse...

Mim gostou muito :)

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