A aplicação teórica de assuntos práticos e relativos á questão do ser adjudicado à alma do animal que nasce dentro de todos nós.

terça-feira, setembro 19, 2006

O Toninho ajuda na missa.

Arrebatado com a singularidade da sua namorada, personagem única que aproveita todos os momentos mais embaraçosos para esfregar uma punheta ao Toninho, menino de grandes pudores e vergonhas, ajudante da missa juntamente com a sua namoradinha, desta vez a esgalhada foi mesmo ao lado do altar por trás dum arranjo de flores.

Perversa até ao extremo, Toninha, adolescente com um buço felpudo bastante carismático e estimado pelos broxados que foi deixando pelo caminho da sua ainda curta vida, decide arriscar uma punheta em frente a mais de cem fieis.

Ajoelhados junto ao padre, Toninha consegue um esquema de enfiar a mão pela braguilha do Toninho sem dar muito nas vistas. O parolo é que parece que nunca consegue disfarçar a cara de espanto com que fica durante o salmo. Não há o que fazer. Caso tenha a ousadia de se levantar, dá um show de arregalar a vistinha ás velhotas esfomeadas que pululam pela paróquia e que aproveitam todas as missas para expoliar as mucosas nasais com ressonância e resultados viscosos num lenço já demasiado usado para conseguir existir.

Se ousar se mexer sequer, o padre pode olhar para trás e ai é o trinta e um, pois alem dos ciúmes de falta de mão amiga para soltar a pressão acumulada durante os anos de seminário, a não ser que usasse as suas ou as dos colegas como muitos fazem sempre que a vontade aperta, podia excomungar o Toninho para sempre da sua tarefa de que tanto gosta.

É a vida que tem de aceitar. Oferece o sacrifício ás almas do purgatório no momento em que se vem e esguicha a esporra peganhenta acertando em cheio no sapato preto de verniz do padre. Mas um lanho medonho, branco gordo e pegajoso que decidiu afincar mesmo em cima do sapatinho encimado por uma meiínha de renda branquinha para ser fresquinho.

A Toninha abafa o riso por trás do buço felpudo, sua imagem de marca.

Mas o pior vem ai.

O padre vai descer do altar para levar a comunhão aos fieis e o sapato leva selo.


Enquanto a Toninha segura na patena, repara que as velhotas que vêem a olhar para o chão e reparam no sapato do padre, ficam com os olhos arregalados e com um ligeiro sorriso demoníaco no canto da boca.

O padre volta e termina a missa. Sem reparar no que tem no sapato sai e no caminho para casa, um cão lambe-lhe o sapato retirando os vestígios da punheta herege.

Está farto daquela vida. É a sua vocação, adora aquilo mas os tomates cheios…

É uma seca.


No encontro bíblico, onde as mulheres se juntam para ler a bíblia, elas não falam de outra coisa que lhes causou grande tesão durante a sessão eucarística.

“Tomates cheios, coitadinho do padre” conspiram as velhotas e o resto das mulheres novas e casadas que toparam a cena. “Aquilo deve ter explodido quando viu o decote da irmã do meu cunhado!”

A atenção dada pelas caridosas senhoras do encontro bíblico tornaram a insuflar o entusiasmo do jovem padre que passou a dar missa com outro fulgor.


O Toninho ajuda na missa.

A Toninha ajuda na missa também.

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