A aplicação teórica de assuntos práticos e relativos á questão do ser adjudicado à alma do animal que nasce dentro de todos nós.

sábado, novembro 05, 2005

Contrafacção. Um sinal de crise ou forretisse pessoal?

Contrafacção. Um sinal de crise ou forretisse pessoal?

Outro dia comprei umas sapatilhas de contrafacção. Fantásticas. Umas adidas ultimo modelo, uma réplica perfeita das que vemos nas lojas. Todos os pormenores são exactamente iguais. Os materiais, as costuras, as etiquetas, tudo. Até dizem made in China. Isto é muito mais do que uma cópia. É uma réplica perfeita. Clonagem.

Vim para casa com elas.

Será que fiz algo de errado? Não é a contrafacção uma violação dos direitos de autor, algo que na minha vida futura vou ter que defender? Apesar das sapatilhas serem um produto de produção em massa, existiu por trás alguém que as concebeu, desenhou e alguém que pagou pelo desenho. Não interessa se foi uma multinacional ou um desgraçado qualquer.


Será que fiz uma maldade? Quando esticar o pernil, será que vou passar uns dias na tostadeira antes de entrar no paraíso, e juntar-me àqueles que não compram roupa na candonga, nem copiam filmes, nem sacam mp3 do emule?

Claro que sim.

E se calhar ainda apanho umas chicotadas extra de umas gajas vestidas com um fato justo de vinil. Vermelho.


Só que sabem também de outra coisa?

As putas das fabricas que fazem as calças que uso, as sapatilhas que calço e sei lá que caralho mais, estão na China, a explorar os desgraçados dos alienados chineses, que trabalham até morrer a troco de umas côdeas de pão ressesso. Fazem greve, não há problema. Vão buscar mais quatrocentos trabalhadores que estão acampados á porta da fabrica á espera que morram alguns lá dentro.

E o dinheiro nem sequer vai para esses desgraçados. E na maior parte das vezes nem para um patrão chinês.

Vai para a sede da companhia. Um off-shore algures.

Um dia que os chinos abram os olhos, estes gajos fecham as fabricas como já fizeram em Portugal e vão chuchar o sangue doutro povinho qualquer.


Mas tou eu a defender o chinos, esses porcos que são os maiores na contrafacção de péssima qualidade?

Pá defendo apenas o direito deles a terem uma melhor vida, apenas.

Não defendo de forma alguma a contrafacção.

Apenas vemos isso em países com fraco poder de compra. Fui á Tunísia em Outubro e lá não faltava disso. Só que de fraca qualidade.

Nós aqui temos muito nível. O que é Nacional é Bom!


E agora para rematar.

Se compro candonga nacional para quem vai o dinheiro?

Pá pelo menos vai dar para pagar uns ordenados a trabalhadores nacionais. Vai ajudando os desgraçados dos patrões que não querem fechar a confecção por falta de encomendas a manter o estaminé aberto.

Sempre é pãozinho para a boca de um portuga. Ou um copo de tinto. Tanto faz.

2 comentários:

Anónimo disse...

Este "artigo" está fantástico...
Nota-se um pc o peso de consciência...contudo o copo de tinto para um portuga tem q ser assegurado, antes que começe a violência como assistimos em Paris...
Quanto à "tostadeira"...até não é mau, ou queres/querem ir para céu??Eu não quero...deve ser uma chatisse - Madre Teresa; Pastorinhos; Pápa, etc, etc...No quentinho sp há "umas chicotadas extra de umas gajas vestidas com um fato justo de vinil. Vermelho." mas o preto é bem melhor!!
Ass. KING

Anónimo disse...

Então para a tua vida futura te digo; Trata-se de violação a direito de propriedade industrial, e não propriamente de autor! :)
Quanto ao resto... O problema é que a contrafação que cá se vende também não é fabricada cá, ou, pelo menos, 90% dela. Vem tudo da China na mesma, e muito provavelmente das mesmas fábricas de onde se fabricam os originais... São os chamados produtos de 2ª linha. Se fossem genuinamente tugas, estavamos nós descansados (e ricos comó caralho), assim, agarramo-nos aos colhões (vulgo subsídios UE) enquanto os temos. Depois... Nem quero saber!

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