A aplicação teórica de assuntos práticos e relativos á questão do ser adjudicado à alma do animal que nasce dentro de todos nós.

sábado, maio 13, 2006

Tadinho.

Agarrada gulosamente á coxa de frango cheia de pele mole besuntada e amarela, coberta de marcas de penas, Ela olha de canto para o Tadinho que se encontra sentado no chão á espera que Ela lhe atire com um bocado da pele do frango.

Tadinho olha fixamente para o bocado que está a cair. Com um gesto mais brusco, Ela faz com que a pele grossa e gordurosa caia, com um som pastoso ao chão mesmo em cima da carpete completamente badalhoca, cheia de restos de comida já ressequida.

Num ápice, Tadinho abocanha a pele e deleita-se com o manjar. Ahh, o prazer indescritível de sentir aquele pedaço cutâneo a escorregar preguiçosamente pela goela abaixo é um deleite, um acepipe raro de degustar.

Ela com os seus olhos lascivos semicerrados perversos e autoritários olha de canto.

Tadinho encolhe-se, e de imediato começa compulsivamente a tremer. Já sabe muito bem o que o espera.

Sabe que vai ser punido pelo abuso cometido.

Amarrado com uma trela de couro á perna da mesa, sempre que se estica um bocado sente um aperto que lhe comprime as veias do pescoço e faz com que tenha a sensação de que os olhos lhe saltam pelas orbitas. Efeito produzido pela coleira estranguladora que Ela lhe comprou no dia do aniversário.
Agradece a Deus o facto de já não ter aquela que mandava descargas de cem mil volts. As marcas á volta do pescoço já começavam a ficar demasiado comprometedoras e começavam a levantar suspeitas.

Tadinho estremece quando Ela decide falar. Fala pouco. Nunca passa sermão. Apenas dá ordens, e Tadinho sabe muito bem que quando Ela ordena ele não pode negar. Nem ousa sequer um olhar menos respeitoso que possa ser interpretado por Ela como uma afronta.

Mas Ela hoje está demasiado condescendente. Demasiado para o habitual. Hoje apetece-lhe algo.

Levanta a perna esquerda e põe o pé no apoio da cadeira do lado. A outra põe em cima da mesa com a sola da bota de vinil mesmo esparramada nos restos miseráveis destinados a Tadinho.

Secamente, dá a ordem como que por frete.

“Lambe.”

Tadinho não queria acreditar! Os tremores de ansiedade que sentia enquanto esperava pela punição apaziguaram-se de imediato. O castigo, afinal era uma grande recompensa para ele.

Isto até é dar má educação.
É que assim, para a próxima, Tadinho vai abusar e se calhar um dia até vai saltar e comer qualquer coisa do prato d’Ela. Mas é ai onde ela quer chegar, para que nesse derradeiro dia, a punição seja severamente executada com juros de 200%.


Seguindo as ordens d’Ela, Tadinho já bem treinado começa por passear a língua á volta do rissol lãzudo, intercalado por chupões na ervilha antes de enfiar a língua bem treinada pela réca besuntada d’Ela.
Ela, durona enquanto acaba de esbichar a ultima asa de frango, olha com desprezo para Tadinho, alegre da vida a deleitar-se com a sua brincadeira favorita executanda com grande vontade e afinco.


Meia hora depois deita-se aos pés d’Ela extremamente grato.
De repente Ela olha para o relógio e lembra-se! Rapidamente retira a coleira a Tadinho e com um sotaque ligeiramente abetalhado, semelhante ao das tias da Foz, pronuncia.


“Oh! Já me esquecia! São seis horas! Querido, vá-se vestir. Temos que ir buscar o nosso filho ao colégio!”

1 comentário:

Anónimo disse...

Ui Jukinh aquela parte do frango cair na carpete suja e o olhar languido do Tadinho foi puramente inspirado na Tsuki :) na foi?
És o MAIORI...
Gd abraço.

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