1997.
Não tinha nada para fazer, a não ser acabar o secundário.
Coisinha mais enfadonha.
Tinha acabado de ler o "Uma Conspiração de Estupidos" do John Kennedy Tool
Mas o “Conspiração de Estúpidos”, foi sem duvida o que me entusiasmou para a leitura e para a escrita. Para vocês verem, logo a seguir li uns cinco livros do John Steinbeck (os que tinha cá em casa).
E para cereja em cima do bolo…
Escrevi um livro.
Nunca foi publicado, apenas circulou por algumas pessoas e durante anos esteve perdido no meio de disquetes poeirentas. Os manuscritos (sim eu escrevi á mão e depois passei no computador, um 486, se não estou em erro) encontrei-os com o papel todo amarelo e a tinta borratada.
Carailho, não se passou assim tanto tempo. Foram só dez anos.
Mas foi o suficiente para amarelecer as páginas manuscritas e votar este trabalho á obscuridade.
A palavra "Inóticos" não existe, mas quando acabarem de o ler, vocês hão-de perceber o significado.
Reparem que o estilo da escrita é diferente do que vocês porventura estarão habituados a ler aqui do vosso mestre guru Jukinha-má-onda.
Para vos manter assim mais ou menos cativados, meus cães da areia, tentarei manter um ritmo de publicações de capítulos do livro mais ou menos de dois em dois dia, para não por isto aqui assim á bruta.
Pronto, já chega de paleio, vamos ao Quim-tressa. (primo do Quim-colhe, neto do Quim-cava, sobrinho do Quim-raba, sendo este ultimo bastante suspeito.)
Os Inóticos.
Parte Zero
— Ouviste pá ? — disse a personagem obscura enquanto devorava um pacote de batatas fritas de presunto.
— Sim, sim. — responde a silhueta com uma voz fanhosa.
— Vamos ganhar muita massa! Ele vai colaborar direitinho e sem saber de nada! É muito burro para poder perceber. — afirma a personagem obscura ao mesmo tempo que dá um arroto com hálito a gordura de porco frita.
— Sim, sim. — diz constantemente a silhueta da voz fanhosa enquanto repete sem parar um tique deveras irritante!
— E vê lá se paras com esse tique! Já me estás a irritar! — grita a personagem obscura.
— Sim, sim. — responde a silhueta com voz fanhosa enquanto limpa o bafo a gordura de porco frita que tinha ficado entranhado nos seus óculos de fundo de garrafa.
— Pois. Tenho que ir. E isto que fique só entre nós! Se cagas na sopa estás frito. Já sabes. Dentro de mais ou menos mês e meio já tenho mercadoria.
— Sim, sim.
A personagem suspeita respira fundo, levanta-se com algum custo e arrasta o seu corpo banhoso em direcção à porta, enquanto a silhueta da voz fanhosa fica a tentar desembaciar os seus óculos daquele terrível bafo a gordura de porco.
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